|
||
|
||
Hosting by: webhost.com.br |
Ilusões
da vida Francisco Otaviano de
Almeida Rosa (1825-1889) |
Quem passou pela vida em
branca nuvem, E em plácido repouso
adormeceu; Quem não sentiu o frio da
desgraça, Quem passou pela vida e não
sofreu, Foi espectro de homem, não
foi homem, Só passou pela vida, não
viveu. FRANCISCO OCTAVIANO |
O
Profeta Gibran Khalil Gibran (1883-1931) Trad. Mansour Challita |
Vossos
filhos não são vossos filhos. São
os filhos e as filhas da ânsia da vida por si mesma. Vêm
através de vós mas não de vós. E
embora vivam convosco, não vos pertencem. Podeis
outorgar-lhes vosso amor, mas não vossos pensamentos, Porque
eles tem seus próprios pensamentos. Podeis
abrigar seus corpos, mas não suas almas; Pois
suas almas moram na mansão do amanhã, que vós não podeis visitar nem mesmo em
sonho. Podeis
esforçar-vos por ser como eles, mas não procureis fazê-los como vós, Porque
a vida não anda para trás e não se demora com os dias passados. Vós
sois os arcos dos quais vossos filhos são arremessados como flechas vivas. O
Arqueiro mira o alvo na senda do infinito e vos estica com
toda a Sua força para que Suas flechas se projetem,
rápidas e para longe. Que
vosso encurvamento na mão do Arqueiro seja vossa alegria: Pois
assim como Ele ama a flecha que voa, ama também o arco que permanece estável. GIBRAN KHALIL GIBRAN |
No
Caminho, com Maiakóvski Eduardo Alves da Costa |
Assim como a criança humildemente afaga a imagem do herói, assim me aproximo de ti, Maiakóvski. Não importa o que me possa
acontecer por andar ombro a ombro com um poeta soviético. Lendo teus versos, aprendi a ter coragem. Tu sabes, conheces melhor do que eu a velha história. Na primeira noite, eles se aproximam e roubam uma flor do nosso jardim. E não dizemos nada. Na segunda noite, já não se
escondem: pisam as flores, Matam nosso cão, e não dizemos nada. Até que um dia, o mais frágil deles Entra sozinho em nossa casa, Rouba-nos a luz, e, conhecendo nosso medo, arranca-nos a voz da garganta. E já não podemos dizer nada. Nos dias que correm a ninguém é dado repousar a cabeça alheia ao terror. Os humildes baixam a cerviz; e nós, que não temos pacto algum com os senhores do mundo, por temor nos calamos. No silêncio de meu quarto a ousadia me afogueia as faces e eu fantasio um levante; mas amanhã, talvez meus lábios calem a verdade como um foco de germes capaz de me destruir. Olho ao redor e o que vejo e acabo por repetir são mentiras. Mal sabe a criança dizer mãe e a propaganda lhe destrói a consciêcia. A mim, quase me arrastam pela gola do paletó à porta do templo e me pedem que aguarde até que a Democracia se digne aparecer no balcão. Mas eu sei, porque não estou amedrontado a ponto de cegar, que ela tem uma espada a lhe espetar as costelas e o riso que nos mostra é uma tênue cortina lançada sobre os arsenais. Vamos ao campo e não os vemos ao nosso, no plantio. Mas ao tempo da colheita lá estão e acabam por nos roubar até o último grão de trigo. Dizem-nos que é preciso defender nossos lares, mas se nos rebelamos contra a opressão é sobre nós que marcham os soldados. E por temor eu me calo, por temor aceito a condição de falso democrata e rotulo meus gestos com a palavra liberdade, procurando, num sorriso, esconder minha dor diante de meus superiores. Mas dentro de mim, com a potência de um milhão de vozes, o coração grita - MENTIRA! EDUARDO ALVES DA COSTA |
Mar
Português Fernando Pessoa |
Ó mar salgado, quanto do teu sal São lágrimas de Portugal! Por te cruzarmos, quantas
mães choraram, Quantos filhos em vão rezaram! Quantas noivas ficaram por
casar Para que fosses nosso, ó mar! Valeu a pena? Tudo vale a pena Se a alma não é pequena. Quem quer passar além do Bojador Tem que passar além da dor. Deus ao mar o perigo e o
abismo deu, Mas nele é que espelhou o céu. FERNANDO PESSOA |
Autopsicografia Fernando Pessoa |
O poeta é um fingidor. Finge tão completamente Que chega a fingir que é dor A dor que deveras sente. E os que lêem
o que escreve, Na dor lida sentem bem, Não as duas que ele teve, Mas só a que eles não têm. E assim nas calhas de roda Gira, a entreter a razão, Esse comboio de corda Que se chama o coração. FERNANDO PESSOA |
Via-Láctea Olavo Bilac |
"Ora
(direis) ouvir estrelas! Certo Perdeste o senso!" E eu vos direi, no entanto, Que, para ouvi-las, muitas
vezes desperto E abro as janelas, pálido de
espanto... E conversamos toda noite, enquanto A Via-Láctea,
como um pálio aberto, Cintila. E, ao vir do sol,
saudoso e em pranto, Inda as procuro pelo céu
deserto. Direis agora: "Transloucado amigo! Que conversas com elas? Que
sentido Tem o que dizem, quando estão
contigo?" E eu vos direi: "Amai para entendê-las! Pois só quem ama pode ter
ouvido Capaz de
ouvir e de entender estrelas." OLAVO BILAC |
acessos desde Counter by: |
|||
Topo da |
página |
||
Página criada em e atualizada em Hosting
by: |
|||